sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Amanhã assinala-se o dia Europeu da Depressão

Diz-se que os Portugueses sofrem muito com esta doença e que a nossa típica melancolia pode ter uma causa psiquiátrica. Bom, eu não iria tão longe, mas a verdade é que o estigma associado a esta doença afasta as pessoas do diagnóstico e do tratamento.

A depressão é mais do que uma tristeza ou do que um luto, embora possa desenvolver-se a partir de uma episódio de luto (morte de um ente querido, ruptura numa relação...). Tudo tem a ver, parece-me, com a capacidade de uma pessoa lidar com estímulos desagradáveis. Por isso, há respostas diferentes para um mesmo estímulo.

A crise que atravessamos potenciou casos de depressão, porque passámos de um estado de euforia causado pelo dinheiro "fácil" do crédito para o estado depressivo de nos vermos sem forma de pagar o dinheiro pedido e entretanto já gasto. Há pessoas que reagem a esta situação tentando pôr mãos à obra para ver o que conseguem fazer para a resolver (ou tentar resolver), e outras que param, esmagadas pela desgraça da realidade. É a história de ver o copo meio cheio ou meio vazio.

É claro que ninguém faz por ficar deprimido, mas seria muito melhor se se combatesse o pensamento de que ir ao psicólogo ou psiquiatra é "para malucos". O que será melhor? Pedir ajuda ou continuar num inferno metido cabeça adentro?

A questão, claro, não é simples. Se partirmos do princípio que estamos a falar de uma doença mental - portanto, que tolhe a vontade do paciente -, só a assumpção da doença é, por si, um passo de gigante para pedir ajuda e ter acesso a um tratamento.

Portanto, se alguém tiver:


. Dificuldades sistemáticas em dormir,

. Episódios de dor física sem razão aparente (os primeiros sintomas de uma depressão, por estranho que possa parecer, são físicos)

. Muito ou pouco apetite

. Ansiedade

. Vontade de chorar sem motivo aparente

. Sensação de "não poder mais"

. Cansaço físico permanente

. Dificuldades no raciocínio e em tomar decisões

. Sentimentos de culpa infundados

. Sem vontade para nada (divertir, trabalhar, namorar, etc)

. Isolar-se ou dificuldade em estar sózinho

. Não cuidar de si (da sua alimentação, da sua higiene, etc)

. Estado de tristeza que se prolonga por mais de 6 meses


é favor que vá ao seu médico de família. Os médicos, por vezes, desvalorizam as queixas de um doente com depressão e passam-lhes uns ansiolíticos que não só não resolvem o problema como ainda arranjam mais um, ao criar uma dependência.

Se achar que não está a ser bem atendido, piore o cenário e fale sobre pensamentos suicidas (às vezes, temos mesmo de pintar a coisa de preto para ver se os médicos abrem a pestana e nos ouvem de vez!) - coisa que, na verdade, também ataca os doentes depressivos (embora numa fase mais avançada e aguda da doença).

Por isso, insistir que "não é nada e que isto passa" é a pior coisa que se pode fazer! Não custa ir ao médico e mais vale prevenir que remediar (quando há remédio, o que nem sempre acontece).

Ter uma depressão não é desvalorização nenhuma. Procurar ajuda é, antes de mais, um acto de suprema inteligência.

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