Infelizmente, no Portugal dos "pequeninos", esta belíssima iniciativa não pega. Gostaria que sim, que vingasse, mas...
E porquê? Basta reparar, só para começar, que existe a ideia completamente estúpida, mas ainda muito enraízada no mercado de trabalho, de que a Licença de Maternidade é um "período de férias", ou que quem tem filhos é uma menos-valia para ume empresa (ai, que chatice! se o puto adoecer lá tem esta de faltar ao trabalho!).
De um país que tem políticas de família ao nível zero, que protege o direito ao aborto (gratuito) com baixa de 30 dias paga a 100%, ou que julga uma mulher que opta por ficar em casa a cuidar dos filhos como uma atadinha dependente do marido, não se pode esperar muito.
Num país em que a Liberdade teima em ser considerada a glorificação do "faço-o-que-me-apetece" sem qualquer responsabilidade pedida, assumir a responsabilidade de ter filhos (pior se são mais filhos do que o considerado "normal") é quase considerado um crime, uma irresponsabilidade, uma beatice de quem não conhece a palavra "contraceptivo" (ou, ainda mais alucinante, de quem quer dar mais criancinhas aos padres para estes violarem - acreditem que já ouvi com cada arrancada que começo a pensar que o consumo de drogas duras deve ser ainda maior do que se supõe).
Num país que foge a sete pés das responsabilidades para com as famílias, que penaliza quem é pai ou mãe numa paranóia de supostas faltas ao emprego, mas que deixa passar em branco baixas fraudulentas, que mantém preguiçosos militantes protegidos por uma Constituição tendenciosa e inadequada ao cenário que vivemos, a evolução de se considerar um trabalhador como um todo que não contempla só a vida profissional para haver produtividade (que é disso que Portugal precisa para pagar os empréstimos que tem pedido) é uma mera utopia, uma conveniente utopia.
Todos querem os mesmos direitos dos países do Norte da Europa, cujos estados sociais são mais que elogiados, mas NINGUÉM quer ter a mesma postura, a mesma cultura de cumprimento de deveres que estes povos têm.
O que é pena. Portugal precisa de nascimentos, sob pena de, daqui a uns anos (e estou já a falar a curto / médio prazo) não haver quem desconte para haver reformas.
Antes de mais nada, é preciso questionar a nossa própria mentalidade. Uma mentalidade que é completamente anti-produtividade, anti-família e, ironia das ironias, totalmente anti-estado social.
Para se fazer omoletes há que ter ovos.
Ana, mas que texto tão bem escrito.
ResponderEliminarBoa interpretação dos factos.
Há precisamente 4 anos e um dia, o Sr. Cavaco Silva pedia-nos mais criancinhas para Portugal (http://www.ointerior.pt/noticia.asp?idEdicao=421&id=18454&idSeccao=4978&Action=noticia.
Volvido esse tempo, perguntamos: "O que mudou para nos facilitar ter mais filhos?" - ou será melhor perguntar, "o que piorou"?
Em tempos de "crise" (a palavra da moda), o pessoal que poupa em tudo (ou não), até poupa no fazer filhos!
Por isso Sr. Cavaco, talvez seja sugerir a criação de um PPF (plano poupança filhos) ou então nada feito!
Enfim....