segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Até parece mentira

Mas, infelizmente, não é.

Crianças que desmaiam de fome não existem só na Grécia: também há quem coma a única refeição quente do dia na escola, cá em Portugal.

É verdade que as dívidas são para pagar, e que, se não forem pagas, jamais recuperaremos a nossa credibilidade - o que poderá custar-nos um panorama muito pior, uma vez que não iremos atrair investimento.

Mas, por outro lado, se as medidas de austeridade impostas para o pagamento da dívida nos levam a cenários como a fome, a miséria, a morbilidade e a mortalidade desnecessárias, é altura dos nossos governantes equacionarem se o caminho tem mesmo de ser este, ou se poderá haver alguma alternativa, algo que equilibre o pagamento de dívida com o crecimento económico.

Será que ainda não perceberam que medidas austeras apenas potenciam mais recessão e não deixam qualquer margem para crescimento? Como pode uma economia crescer com impostos brutais sobre empresas e famílias que já estão depauperadas???? Não tem lógica. A menos que a lógica seja aliviar as contas públicas pelo "homicídio" da população carenciada - cortando-lhe apoios e aumentando-lhe a dificuldade no acesso a cuidados de saúde, por exemplo.

Por outro lado ainda, tanto o Governo como algum povo quer continuar alegremente no mesmo estilo de vida, isto é, sustentar luxos quando não há para comer. E quem paga sempre é o "elo mais fraco", ou seja, os doentes, as crianças e os idosos.

Mais do qualquer outra coisa, esta crise (criada artificialmente ou não) deveria fazer com que nos apercebessemos que TEMOS de mudar MESMO de atitude e prioritizar as coisas: se há dinheiro, tudo bem, podemos alargar-nos um bocadinho. Se não há, não há. E a comidinha, a educação e a saúde vêm em primeiro lugar.

Posso não andar num carro topo de gama, calçar uns Louboutin, ou jantar fora sempre que me apetece (até porque, nem de perto, nem de longe, tenho dinheiro para tais coisas). Mas comida na mesa (comida mesmo, não fast food), roupa para vestir, calçado para calçar, dinheiro para consultas médicas e eventual medicação e material escolar dos miúdos, isso tem mesmo de haver SEMPRE. E as necessidades dos mais pequenos têm de ser satisfeitas antes das nossas.

A ideia de um "fim do mundo" em 2012 não me parece descabida de todo: se calhar, estamos no fim de uma Era. Talvez estejamos no fim do mundo como o conhecemos, e a começar um novo, com menos ganância, mais solidariedade. Até porque estamos todos a ver o caminho onde o materialismo desemboca

Quero acreditar nisso.

1 comentário:

  1. Que verdade Ana, concordo mesmo com o que disseste. E também acho, não acredito que acabe o mundo mas sim que há-ja uma mudança a nível global. É como dizes o íncio de uma nova era.
    Beijinho e Feliz Natal!

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