O que poderia ser uma simples ida à praia, transformou-se numa aventura daquelas!
O plano inicial era irmos à praia da Adraga, mas os meninos grandes tinham muitas saudades de escalar e lembraram-se da Praia do Cavalo, mesmo ali ao pé.
A praia do Cavalo é absolutamente deslumbrante, em forma de "U", combinando a montanha com a praia, num cenário selvagem e muito puro! Tem dois acessos apenas: uma passagem rente às rochas, pela praia da Adraga (e que só se pode fazer com a maré baixa) e outro, muito perigoso, uma "parede" com alguns metros de altura, reservada para conhecedores do terreno (uma parte desse caminho é feita com o recurso a uma corda que iça os "alpinistas" para o acesso a um caminho sinuoso, mas mais seguro).
Ora, a praia, por todas estas razões, é praticamente deserta, aliás, É deserta! Mas muito segura para quem lá vai com crianças. Por ser na forma que é, está relativamente resguardada de ventanias e mudanças súbitas de temperatura e pode passar-se ali um dia inteiro bem agradável. Tem é de se acompanhar o ritmo das marés para aproveitar a maré baixa, tanto para entrar como para sair da praia. E foi aqui que falhámos redondamente! Entrámos bem na praia, mas a maré rapidamente tapou a passagem, o mar estava revolto e tivemos de ficar na praia à espera que as águas baixassem para fazermos a travessia para a Adraga em segurança.
É evidente que poderíamos ter recorrido à passagem da parede, mas com três crianças, estava mesmo fora de questão! Os adultos faziam-na com relativa facilidade, mas nunca iríamos levar os miúdos para lá!
Restou-nos esperar.
Ficou tarde, mas tomámos as devidas precauções: os mais experientes atravessaram o caminho da parede e foram buscar uma refeição quente para todos que foi, depois, tomada à volta da fogueira que, entretanto, acendemos.
Não estava muito frio - já disse que a praia forma uma espécie de escudo protector e não se sente tanto a amplitude térmica -, mas agasalhámos os miúdos que, de tão cansados de explorarem grutas, brincarem aos navios, aos teatros, de darem pontapés na bola, de lançarem uma garrafa com uma mensagem ao mar, e até se lançarem na aventura da escalada, adormeceram pouco depois do jantar.
De tempos a tempos, enquanto eu ficava ao pé da fogueira com a criançada, eles iam ver se a maré já permitia a passagem em total segurança, isto é, sem haver o risco de sermos deitados ao chão por uma onda. No máximo, a travessia deveria ser feita com a água pelos tornozelos ou meio da perna para não prejudicar o nosso equilíbrio, uma vez que estaríamos com os miúdos ao colo.
Já que tínhamos errado no cálculo das marés, ao menos iríamos pela via mais segura e da forma mais segura para todos!
Entretanto, foi um dia espectacular! Numa praia só para nós - que tinha sombras nas horas de maior calor, paredes fantásticas para escalar, grutas para explorar, areia em fartura para fazer castelos, navios e o mais que a imaginação quisesse!
Imagem daqui.
A parede que vêem ao fundo é um dos pontos de acesso à praia, sendo que a subida mais íngreme é feita pelo lado direito, em parte com recurso a uma corda.
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